Introdução:
Ao se tratar de conceitos amplos, das quais somente suas significações darão norte aos questionamentos oriundos de observações sobre o mercado de trabalho e suas formas, formas essas que visam tornar sistemáticas e fluidas as empresas pequenas e médias, independentes de seus produtos e serviços. É de extrema relevância identificar, apontar e entender as diversas características que são possíveis nascer em ambientes de âmbito corporativo, bem como em qualquer outro espaço ao qual grupos humanos estejam inseridos, faz-se necessário compreender as características que movimentam o lugar, e o impulsionam para uma direção. Nesse conteúdo, vamos tratar essa direção como cultura.
O que é cultura?
É um questionamento interessante, e ao mesmo templo, de alta complexidade. A revista Educa Mais Brasil, no ano de 2020, na condução de Ailton Sena, relacionou o conceito de cultura, respaldada pelas ciências humanas – antropologia – sociologia -filosofia e estudos de cultura, na qual identificou que o termo está associado a diversas áreas do saber e que todas essas relações, estão ligadas as produções de cuidado de forma geral, linguística, práticas, formas de conduzir algo, símbolos etc. Logo, cultura pode ser entendido como
tudo que se produz em determinado grupo humano. Essa produção, pode possuir diferentes significações do ponto de vista moral, ético e étnico, mas essas interpretações não fogem ao fato de que cultura é a produção das formas de ser e existir. Tudo que um povo, comunidade, grupo produz, é cultura. A cultura pode ser entendida em vários aspectos do saber humano, cultura de massa, material, imaterial, erudita, popular etc.
Como entender o conceito de cultura associado ao funcionamento de uma empresa?
Vimos acima, que cultura é tudo que se produz em determinado grupo, e que se perpetua como modo de ser, agir, pensar, entre outros. Ao se tratar de uma empresa, faz-se necessário compreender que esse fenômeno do agrupamento de seres diferentes na perspectiva comercial, nasceu e vem se desenvolvendo até os dias atuais. Desde o rompimento com um mundo feudal, na revolução industrial da Inglaterra no século XVIII, com o surgimento do fordismo, e a ascensão do capitalismo, até chegarmos ao momento atual, onde empresas ainda caminham de mãos dadas com a complexidade do conceito de cultura, e longe da clareza e do papel da cultura na corporação. Assim como a diversidade do conceito que trabalhamos acima, empresas são também um aglomerado de termos e situações. Para ajudar na compressão de empresa, vamos recorrer ao André Luiz Santa Cruz Ramos, jurista brasileiro, que diz que empresa é “uma atividade econômica organizada para fazer circular ou produzir, produtos, bens ou serviços”. Toda atividade, para alcançar seus objetivos, necessita de percurso, modelos de caminhos, o que hoje conhecemos como método. Grupos humanos, quando submetidos aos exercícios comerciais de compor esses espaços pensados como atividades que possuem um fim comum, necessitam de maneira
explícita de elementos capazes de tornar o objetivo alcançável, e acima de tudo, humanamente saudável. Precisam de cultura. A relação entre empresa e cultura, nasce da proposta de reconhecer, a partir da modernidade contemporânea, momento sócio-histórico em que a reflexão se debruça a compreender o humano de maneira mais profunda e cientifica, nasce também, as necessidades de entender que espaços de convívio de pessoas diferentes, necessitam de modus de ser em diversos aspectos, para que as estruturas de determinados locais, obedeçam de maneira harmônica e coesa, a finalidade da corporação. Podemos pensar em alguns elementos que tornam mais bem desenhados o papel e a identificação e/ou da criação de cultura em empresas, hora, ao se tratar de espaços empresariais de produção fabril, é importante identificar quesitos de comportamentos no geral, para que se moldem, a partir das observações, o que é aceitável, cabível ou não, para aquele espaço. Se tratando de empresas menores, e seguindo nosso objetivo primaz, é importante que líderes e gestores identifiquem quais situações são negociáveis para a cadência de determinado local, quais comportamentos são permitidos ali, bem como, entender da sua própria gestão. Inteligir aspectos humanos capazes de trazer ao ambiente, a construção de jeitos, operações, tratamentos que façam parte de características humanas, como o respeito e o reconhecimento, qual tal, a dura pedagogia da correção, para no fim, entregar aquilo que fora oferecido.
Quais os perigos existem para empresas que não entenderam essa direção?
Quando empresas não compreendem que a direção, que nesse espaço de conteúdo estamos tratando como cultura, caminhamos rumo a desumanização dos grupos. Entendemos que a produção de serviços, bens e produtos, se tornam desumanas, à medida que elas não associam elementos
das singularidades de seus componentes a uma política grupal. Ao se tratar de empresas de baixo porte, quando não se estabelece um jeito para condução de situações, quando não se tem um modelo de tratamento entre os pares, as situações se encontram com os mais diversos jeitos e formas, e podem ganhar direções que não caminham ao encontro da finalidade de tal corporação. Quando não aplicamos observações comportamentais, instrutivas, metodológicas e relacionais, deixamos de maneira independente, que cada situação cotidiana de um espaço de trabalho, ganhe horizontes desconhecidos, e se tornem empecilhos de produção no geral.
Quais elementos podem nos ajudar na construção de culturas corporativas?
Cultura é construção. Não diferente da estrutura, em que é preciso agrupar os tijolos, perceber as possíveis falhas, orquestrar todo o trabalho para que se realize uma obra segura e coesa, assim também é a construção da cultura. Em anos de experiencia gerencial, processual e em contato com os mais diversos públicos, o IPCCE identificou que as culturas que estabelecem os acordos existentes em espaços corporativos, nascem da relação entre os componentes. Como toda construção, alguém precisa iniciar. Alguns passos são importantes nessa empreitada: O respeito, é o elemento que costura as relações hierárquicas ou não. É o respeito que determina os limites negociáveis que estabelecem o quão algo pode ser flexível, compreendido ou não. Limites, é a delimitação das regras que conduzem o local, essas por fim, tem a utilidade de tornar o espaço unicamente voltado ao seu objetivo, e é preciso fazê-lo de maneira humana, logo, com respeito. A escuta, é o elemento que permite que o respeito possa caminhar de acordo com a experiência singular de cada componente, e que essa experiencia possa se assimilar a cadência do
lugar, de maneira que, ambos existam unilateralmente. A transparência, é um modelo ideal de liderança, que promove a parcialidade dos tratamentos, e que se atém em manter saudável as relações estabelecidas em determinado lugar. Pessoas de culturas familiares diversas, precisam identificar e amadurecer modus e comportamentos para se tornarem parte de um lugar, sem deixar de se ser, e ao mesmo tempo, pertencendo sem excludência do grupo conduzido. A liderança, é o elemento que não só inicia a construção, como a mantem de pé. É a liderança que vai observar a existência dos acordos que entrelaçam as relações e que irá perceber o grau de sucesso ou insucesso de determinadas tarefas e objetivos. O líder é responsável não só por construir e manter uma cultura, mas também de mudá-la quando for cabível, entendendo que se cultura são conjuntos de componentes nitidamente humanos, são dinâmicos e portanto, mutáveis. Humanização, esse elemento é o ponto de equilíbrio para que funcione tudo que for construído de maneira corporativa. A humanização é o critério que se utiliza para avaliar acertos, e sabê-los conduzir. Mas, mais difícil e desafiador que isso, a humanização é o elemento que se aplica aos erros e atropelos que naturalmente acontecem nas relações como um todo. A chave de uma cultura bem estruturada é o espaço que se dá aos seus componentes de errar. Errar também é fundamental.
Conclusão:
Esse artigo tem a pretensão de abrir a reflexão a cerca do conceito de cultura em empresas e aguarda expandir discursões para que cada vez mais possamos alcançar ambientes corporativos humanos e bem geridos. Vimos que a cultura é complexa ao mesmo tempo que fundamental. Que é possível caminhar com reflexão e disposição rumo a desenhos que sejam capazes de tornar salubres, serviços e atividades desenvolvidas por humanos.
HUGO CORREA – GENTE E GESTÃO